Prefeito e deputado fingem que crise não é com eles

Diante de quebra histórica da safrinha, Juraci engaveta decreto de emergência e Lissauer sofre embaraços para debater com setor

Apesar de depender apenas da caneta do prefeito Juraci Martins (PPS), o pedido das entidades organizadas do agronegócio para que seja decretado estado de emergência em Rio Verde foi engavetado pelo chefe do Poder Executivo há mais de um mês.

As perdas ocasionadas pela estiagem nas lavouras de milho já levaram a maioria dos municípios da região a atender o clamor dos produtores rurais. A estimativa é de uma redução de cerca de 50% da produtividade na safrinha em Goiás.

Ex-presidente do Sindicato Rural de Rio Verde (SRRV), Juraci recebeu representantes da entidade no mês de abril e prometeu analisar a situação com rapidez. A inércia, no entanto, tem deixado o setor produtivo na bronca com o gestor público.

Com a economia baseada no agronegócio, o setor advoga que a medida pode amenizar os prejuízos causados pela baixa produtividade do campo na economia do município e facilita a renegociação com bancos, fornecedores de insumos e cooperativas.

Saia justa

Embora seja o presidente da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa, o deputado Lissauer Vieira (PSB) tampouco intercedeu para que seja decretada a situação de emergência no município ou mesmo em nível estadual.

O parlamentar sequer compareceu à assembleia extraordinária realizada no último dia 5 de maio no Sindicato Rural, que reuniu as principais entidades de classe e quase 500 produtores de toda a região para debater a quebra da safra.

O motivo da ausência é simples: uma das pautas era justamente o decreto do governador Marconi Perillo (PSDB) aumentando a carga de impostos estaduais sobre a soja e o milho. Além, é claro, da saia justa para explicar as promessas de recuperação da GO 174, no trecho entre Rio Verde e Montividiu.

Quebra histórica

Conforme os dados da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja) e da Federação Estadual da Agricultura e Pecuária (Faeg), a colheita da safrinha no Estado, cuja estimativa inicial era de 8,2 milhões de toneladas, precisará de sorte para bater os 5 milhões de toneladas até agosto.

Segundo Alexandre Câmara, um dos diretores do Sindicato Rural de Rio Verde e assessor técnico da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil), o risco de inadimplência é alto. O reflexo direto e indireto na economia regional, de acordo com ele, poderá ser bilionário e deveria inspirar ações governamentais de proteção.

Vários municípios goianos, como Acreúna, Paraúna, Silvânia, Uruaçu, Goiatuba, Caldas Novas, Ipameri, Porangatu e Piracanjuba já decretaram emergência com perdas de até 85% nas lavoras. Com base nos decretos municipais, a Aprosoja e a Faeg cobram o decreto em nível estadual do governador Marconi Perillo.

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