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Cooperativismo

De catadores a empreendedores: o exemplo transformador da Coop-Recicla

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Nascida da união de trabalhadores informais, a cooperativa tornou-se referência em governança e sustentabilidade no Sudoeste Goiano

Fernando Machado

A história da Coop-Recicla começou ainda em 2008, quando um grupo de catadores informais decidiu se unir para dar destino mais digno aos resíduos de Rio Verde. Naquele momento, a iniciativa enfrentou dificuldades estruturais e falta de apoio, o que levou a uma pausa nas atividades. Mas aquela primeira tentativa acabou se tornando o ensaio de algo maior — uma experiência que preparou o terreno para o futuro.

Foi em fevereiro de 2018 que a cooperativa renasceu com nova força, estrutura e propósito. A partir de um pequeno galpão de 80 metros quadrados na região norte da cidade, 18 sonhadores retomaram o trabalho de transformar o que antes era visto como lixo em fonte de renda, dignidade e aprendizado.

No início, o resíduo era selecionado manualmente e separado para reciclagem (Foto: Coop-Recicla)

A seleção manual dos materiais recicláveis logo mostrou o potencial do projeto: o espaço tornou-se pequeno diante do volume crescente de resíduos e da dedicação dos cooperados. O crescimento veio acompanhado de parcerias, visitas de escolas e o engajamento da comunidade, que passou a enxergar valor nos materiais descartados e no trabalho coletivo.

Atualmente, processa cerca de 240 toneladas de resíduos por mês (dados fornecidos pela cooperativa) e opera a coleta e destinação de óleo de cozinha usado através do projeto “Eco-Óleo”, além de manter aproximadamente 120 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) espalhados pela cidade. E agora opera em uma área de 20 mil metros quadrados, no Setor Industrial de Rio Verde, com um galpão dez vezes maior e um escritório.

Em pouco tempo, a Coop-Recicla se consolidou como referência local em sustentabilidade, inclusão social e economia circular — provando que o cooperativismo pode ser um caminho sólido para transformar realidades e gerar prosperidade compartilhada.

“O catador de lixo informal na rua tem uma renda de 300, 400 reais por mês. Na cooperativa ele passou a ganhar em média R$ 3.200,00. Além de uniforme, EPI e seguridade social”, explica o diretor e fundador da cooperativa, Divino Teles Guimarães. “Aqueles antigos catadores hoje prosperaram e são donos do negócio”, complementa.


Em 2023, a Coop-Recicla deu mais um passo marcante em sua trajetória ao promover, com apoio do Sistema OCB/GO e da Secretaria Estadual de Educação, a primeira Gincana Sustentável Interescolar de Rio Verde. A ação mobilizou estudantes de várias escolas do município, arrecadando 191 mil quilos de materiais recicláveis — entre papel, plástico, vidro, metal e eletrônicos.

Gincana Sustentável Interescolar de Rio Verde, realizado em 2023. (Crédito da imagem: goiascooperativo.coop.br)

O projeto contou com o envolvimento das cooperativas Comigo, Sicoob Credi-Rural e Sicoob Empresarial, unindo educação, meio ambiente e cooperação em uma mesma causa.

Em novembro de 2024, a cooperativa deu mais um salto em sua história ao receber 100 caçambas e um caminhão adquiridos por meio de uma parceria de intercooperação com o Sicoob Empresarial, que financiou R$ 1,6 milhão via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Com cada conquista, a Coop-Recicla reafirma seu papel como agente de transformação social e ambiental. O que começou como a união de catadores hoje é símbolo de inovação, trabalho coletivo e orgulho para Rio Verde — um exemplo de que desenvolvimento sustentável se constrói com solidariedade, visão e coragem.

Marcelo Ferreira, Divino Teles e Luís Alberto Pereira, presidentes respectivmente do Sicoob Empresarial, Coop Recicla e Sistema OCB/GO
  • No início, o resíduo era selecionado manualmente e separado para reciclagem (Foto: Coop-Recicla)

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