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Ciência

UniRV desenvolve pesquisa pioneira com plantas do Cerrado no Vale dos Sonhos

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"Estamos focados em otimizar o manejo dessas espécies, não apenas para garantir uma boa produção, mas também para preservar o Cerrado e gerar impacto econômico", diz Carlos César (Foto: UniRV)

Espécies conhecidas há gerações pela comunidade terão seu uso otimizado, eliminando possíveis substâncias prejudiciais e potencializando benefícios

Em uma iniciativa inovadora, a Universidade de Rio Verde (UniRV) está à frente de um projeto de pesquisa focado no cultivo de plantas nativas do Cerrado, com o objetivo de desenvolver produtos fitoterápicos e valorizar o potencial econômico e medicinal da biodiversidade regional. O projeto, que tem a parceria da comunidade Vale dos Sonhos e financiamento da Finep, busca unir o conhecimento popular com práticas científicas modernas, promovendo tanto a preservação do bioma quanto a geração de renda para a população local.

A pesquisa, dividida em três etapas, começa pelo manejo agronômico das espécies nativas do Cerrado. Segundo os coordenadores do projeto, a primeira fase consiste em identificar as melhores práticas de cultivo e propagação de três espécies principais: pequi, sangra d’água e canela de velho. A partir daí, a equipe se dedicará à extração e conservação dos princípios ativos dessas plantas, culminando em sua aplicação na área da saúde.

“Estamos focados em otimizar o manejo dessas espécies, não apenas para garantir uma boa produção, mas também para preservar o Cerrado e gerar impacto econômico. Queremos explorar o que essas plantas têm de melhor de forma sustentável”, explicou o professor Carlos César Evangelista de Menezes, pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UniRV.

Um dos destaques do projeto é a integração entre o conhecimento tradicional da comunidade e a validação científica promovida pela UniRV. No Vale dos Sonhos, muitas das plantas já são usadas há gerações para fins medicinais, mas a pesquisa busca otimizar seus usos, eliminando possíveis substâncias prejudiciais e potencializando seus benefícios.

“A comunidade já tem um conhecimento sobre essas plantas, mas nosso papel é validar esse conhecimento com estudos científicos, agregando valor aos produtos e criando um uso mais seguro e eficaz”, ressaltou o coordenador do projeto.

Financiamento e impacto

O projeto foi contemplado com aproximadamente R$ 1,8 milhão da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), que apoia pesquisas de inovação tecnológica no Brasil. O foco é a bioeconomia, que se propõe a alavancar o desenvolvimento sustentável. O financiamento será utilizado para a construção de duas casas de vegetação — uma na UniRV e outra na comunidade Vale dos Sonhos —, aquisição de equipamentos e capacitação da comunidade para o manejo adequado das espécies.

Além disso, o projeto contará com oficinas e treinamentos voltados aos moradores, ensinando como cultivar e explorar economicamente essas plantas sem causar danos ao bioma local. “Nosso objetivo é que as pessoas compreendam o valor dessas plantas, tanto do ponto de vista medicinal quanto econômico, sem prejudicar o Cerrado”, afirmou Carlos César.

Novas perspectivas

Com um período estimado de três anos para a conclusão, o projeto já desponta como um marco para a valorização da flora local e a geração de novos produtos fitoterápicos com potencial de aplicação em diversos mercados, como o farmacêutico. O pequi, por exemplo, conhecido por seu uso culinário, está sendo estudado para verificar suas propriedades medicinais. Outras plantas, como a canela de velho e a sangra d’água, já possuem usos tradicionais, mas também serão otimizadas com o respaldo da ciência.

O impacto final do projeto vai além da produção de novos fitoterápicos: ele fortalece o conhecimento científico da região, promove a preservação do Cerrado e fomenta a economia local, colocando Rio Verde e a comunidade Vale dos Sonhos no mapa das grandes inovações na área de bioeconomia.

“A pesquisa científica muitas vezes não recebe a atenção que merece, mas projetos como este são a prova de que ela pode transformar vidas, tanto pela saúde quanto pela geração de renda”, concluiu o professor.

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