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Educação

Projeto de lei vira “cruzada pela família”

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Proposta que proíbe disciplinas de orientação sexual em escolas do município gera mobilização de igrejas na Câmara Municipal

Para manifestantes, ideologia de gênero nas escolas pode "destruir as mentes das crianças"

Para manifestantes, ideologia de gênero nas escolas pode “destruir as mentes das crianças”

Representantes da igreja católica e evangélicos lotaram nesta segunda, 20, o plenário da Câmara Municipal para pressionar os parlamentares a votarem a favor do Projeto de Lei nº 54/2016, que proíbe as escolas da rede municipal de adotarem disciplinas que tratem de orientação sexual ou ideologia de gênero.

Para frustração do público, que levou faixas e cartazes, a proposta não chegou a ser votada devido a um pedido de vistas da vereadora Lúcia Batista, presidente da Comissão de Educação. Conforme apontado pela parlamentar, o projeto de lei foi apresentado com um ano de atraso e é uma cópia idêntica de um projeto apresentado em Santa Bárbara D’Oeste (SP). “Com a diferença que o original foi apresentado em 2015, quando estava em discussão a elaboração do Plano Municipal de Educação (PME) daquele município ”, criticou.

A vereadora lembrou que o PME de Rio Verde também já foi aprovado no ano passado pela Câmara, inclusive com o voto do autor do projeto, o vereador Fábio Velozo. Ela disse que, na época, estava ciente da polêmica e tratou de garantir que o documento não tivesse referências a ideologia de gênero e tampouco orientação sexual. “No entanto, não podemos ser hipócritas, pois a educação convive com toda a diversidade. Não podemos é promover a intolerância”.

Presidente do Instituto Cores, uma organização sócio-educativa que promove a Educação Sexual em diversos países e com sede em Rio Verde, a pedagoga Caroline Arcari acompanhou os debates e saiu frustrada da sessão. “O que me assusta é que, aprovada ou não, essa lei vai chover no molhado. E se eu entrar na briga, vou ser só massa de manobra. Quanto mais isso for para a mídia, mais ‘ibope’ o sr Fábio terá, com uma lei sem pé nem cabeça, que diz exatamente o que o PME já prevê. Lamentável.”

O autor do projeto leu trechos de um livro utilizado na rede estadual de Educação, que adota a ideologia de gênero. “Eles usam a maquiagem da luta contra o preconceito, mas o que querem é subverter a sexualidade humana e destruir as famílias”, acusou Fábio Velozo. Na esteira da controvérsia, outros parlamentares também aproveitaram a casa cheia para fazerem discursos na mesma linha. “Vamos mostrar que família ainda existe”, falou Elecir Casagrande, para em seguida ser aplaudido.

Na parte da tarde, o projeto foi discutido em reunião dos vereadores com o Conselho Municipal de Educação e Secretaria Municipal de Educação. O prazo para a vereadora devolver o projeto é de 72 horas, mas devido à semana mais curta em função do feriado, o documento poderá só ser votado nas sessões de abril.

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