Educação
Goiânia poderá ter clínica-escola para pessoas com autismo
Principal nome da atualidade na defesa dos direitos das pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) estará na capital nos próximos dias 30 e 31
Um local onde saúde e educação se complementam, amparadas em princípios humanizados e em técnicas científicas que se mostram eficazes no tratamento de pessoas com autismo.
Goiânia poderá ter uma clínica assim, idealizada por ninguém menos do que o principal nome da atualidade em defesa dos direitos das pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Mãe de um jovem que tem a síndrome, Berenice estará em Goiânia nos próximos dias 30 e 31 de maio para apresentar às autoridades e população em geral o projeto de implantação da clínica-escola.
O convite para a vinda da ativista partiu da Associação de Pais e Amigos do Autista (AMA) de Goiânia e contou com o apoio do vereador Gian Said (PSDB), que homenageará ainda a visitante com o título de cidadã goianiense.
Berenice faz palestra na Câmara Municipal na próxima segunda-feira, 30, a partir das 19 horas, e tem compromisso com o prefeito Paulo Garcia (PT) no dia seguinte, às 10 horas. A reunião no Paço deve contar ainda com as presenças dos secretários municipais de Educação, Neyde Aparecida, e da Saúde, Fernando Machado.
“O atendimento da clínica-escola será totalmente gratuito. A unidade seguirá o modelo de Itaboraí, no Rio de Janeiro, construída em abril de 2014. Além dos pacientes serem beneficiados com diversos tipos de terapias, no local serão ainda capacitados professores da rede regular e outros profissionais para que nossas crianças, jovens e adultos sejam acolhidos, de fato, na comunidade”, explica uma das diretoras da AMA, Silvana Modesto.
Ela lembra ainda que já existe um projeto de lei, o de nº 469/15, de autoria do vereador Gian Said, aprovado em segunda votação na Câmara, que trata sobre a proteção dos direitos dos autistas no município de Goiânia, aos moldes da Lei Berenice Piana, de cunho federal, sancionada em 2012.
CENSO –Paralelamente à luta pela implantação da clínica-escola, a AMA lançou uma campanha que pretende cadastrar todos os autistas que moram em Goiânia e região metropolitana. Inédito no País, o censo será uma ferramenta para subsidiar autoridades e fomentar a elaboração de políticas públicas direcionadas às reais necessidades dos pacientes com TEA. “Sabendo quantos e onde estão os autistas na nossa cidade, podemos lutar para que suas demandas sejam atendidas nas mais diversas áreas, como Saúde, Educação e Lazer”, destaca Silvana, também mãe de um jovem que tem o transtorno. “O cadastro é rápido e pode ser feito por meio do site www.amigosdosautistas.com.br”, orienta.
No Brasil, não há número oficiais, mas estima-se que existam 2 milhões de pessoas com autismo.
Saiba mais
Autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA):
Não é uma doença; é uma condição especial que abrange uma ampla gama de sintomas com enorme variação de gravidade. Desde 2013 é descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), em sua quinta edição, numa visão dimensional com características comportamentais que envolvem prejuízos: na interação social, comportamentos repetitivos e interesses restritos, e persistente deficiência de comunicação social.
O TEA não tem um marcador biológico e exames específicos que determinem seu diagnóstico, sendo de suma importância a participação de equipe multiprofissional para o diagnóstico precoce. Os sintomas já estão presentes antes dos três anos de idade.
O diagnóstico precoce beneficia o desenvolvimento adaptativo social e a aquisição de pré-requisitos para etapas essenciais dos primeiros anos de vida, pois minimiza as limitações e amplia a capacidade dos pacientes de acordo com os prejuízos observados por meio da avaliação clínica.
Berenice Piana:
Microempresária e co-autora da lei federal 12.764/12, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A matéria, inclusive, ficou conhecida como Lei Berenice Piana.
Idealizadora da primeira clínica-escola do autista do Brasil, implantada em Itaboraí, no Rio de Janeiro, em abril de 2014. Autora da lei do autista no Estado do Paraná e nos municípios de Itaboraí (RJ) e Ponta Grossa (PR).
É Embaixadora da Paz pela ONU e União Europeia. Tem 57 anos, é casada e mãe de três filhos, sendo o caçula autista. (Texto: Associação de Pais e Amigos do Autista de Goiânia – AMA)