O deputado estadual Lissauer Vieira (PSB) propôs na semana passada na Assembleia uma investigação que atinge em cheio a administração do ex-prefeito Juraci Martins e o governo Marconi Perillo: o Caso Saneago/ Odebrecht em Rio Verde.
O contrato foi assinado pelo município em 2013, quando Lissauer Vieira era secretário de governo de Juraci, subdelegando o esgoto por 30 anos para a Odebrecht Ambiental.
Ao mesmo tempo em que a matriz da empresa aparecia no noticiário nacional sobre a Lava Jato, no cenário local o acordo foi marcado por suspeitas de corrupção e favorecimentos pessoais de políticos locais.
O negócio incluiu até a venda de áreas de uma das fazendas do ex-prefeito Juraci Martins no município para a Odebrecht para a construção de uma estação de tratamento. Após a prisão de Marcelo Odebrecht, o pagamento das terras teria sido interrompido.
Na época, não faltaram recomendações do Ministério Público contra a assinatura do contrato, que já previa o atual aumento no preço das tarifas e a precariedade do serviço.
Então diretor da Saneago, Robson Salazar era quem rebatia as acusações e defendia a terceirização do sistema para a Odebrecht. Ele foi preso em agosto do ano passado pela Polícia Federal, acusado de desvio de recursos em obras da Saneago.
Além de Rio Verde, também integram o contrato de subdelegação para a Odebrecht Ambiental os municípios de Jataí, Aparecida de Goiânia e Trindade.
As investigações do contrato de subdelegação Saneago/Odebrecht geraram cinco ações na Justiça e, na sequência, uma ação proposta pelo próprio Ministério Público Federal.
Todos os seis processos aguardam o Tribunal Regional Federal decidir se a competência para julgar o caso é da Justiça Federal ou da Estadual.
Eleições
Como era natural, na campanha para a Prefeitura de Rio Verde em 2016, o assunto Saneago/Odebrecht era motivo de saia justa para os candidatos de Juraci e Marconi, respectivamente os deputados Lissauer Vieira e Heuler Cruvinel.
Heuler admitiu na campanha ter recebido R$ 250 mil de uma das empresas do consórcio do Grupo Odebrecht na eleição para deputado, mas justificou que a doação foi legal e indireta, ou seja, feita ao partido e repassada ao seu comitê de campanha.
Os então candidatos da oposição, o médico Paulo do Vale e o apresentador Cristiano Quintino comprometeram-se desde o começo a brigar pela quebra do contrato.
Após a eleição de Paulo do Vale, a Odebrecht Ambiental lançou uma campanha publicitária na mídia em Goiás prometendo cumprir os investimentos exigidos no acordo.